O Sul da Bahia foi o local da chegada dos portugueses da esquadra de Cabral ao Brasil em 1500, quando ocorreu o primeiro encontro dos nossos índios com os europeus.
Os Pataxó vivem em diversas aldeias no extremo sul do Estado da Bahia e norte de Minas Gerais. Em contato com os não índios desde o século XVI e muitas vezes obrigados a esconder seus costumes, os Pataxó hoje se esforçam para avivar sua língua Patxohã e rituais “dos antigos” como o Awê.
“Pataxó é água da chuva batendo na terra, nas pedras, e indo embora para o rio e o mar.” Kanátyo Pataxó, Txopai e Itôhâ, 1997
Os registros históricos comprovam que a presença dos Pataxó na região entre o rio de Porto Seguro e a margem norte do rio São Mateus, no atual estado do Espírito Santo, remonta ao século 16.
Os Pataxó vivem no extremo sul do Estado da Bahia, em 36 aldeias distribuídas em seis Terras Indígenas — Águas Belas, Aldeia Velha, Barra Velha, Imbiriba, Coroa Vermelha e Mata Medonha — situadas nos municípios de Santa Cruz Cabrália, Porto Seguro, Itamaraju e Prado.
A rigor, a língua indígena não é mais falada, a comunicação sendo feita através do português mesclado com vocábulos da língua indígena. Todavia, um grande esforço está sendo desenvolvido para a reconstrução do Patxohã – “Língua de Guerreiro” (Bomfim, 2012) – a partir do vocabulário registrado por cronistas e viajantes. No caso da aldeia de Coroa Vermelha (Reserva da Jaqueira), que possui a maior de todas as escolas pataxó, o Patxohã tornou-se disciplina do ensino fundamental em 2003 e do ensino médio em 2007.
Quem estiver em Porto Seguro, Arraial d’Ajuda e região e desejar fazer um passeio diferente, de resgate das nossas origens e que saia do circuito praia, vale muito a pena incluir no seu roteiro a visita a uma reserva onde poderá vivenciar uma experiência única de estar mais perto da cultura dos primeiros habitantes do nosso país.
Reserva da Jaqueira em Coroa Vermelha (@reservapataxodajaqueira)
A comunidade reúne 32 famílias que recebem visitantes para contar suas histórias, mostrar seus costumes e fazer uma verdadeira imersão na cultura indígena. Além dos trajes e costumes, esse povo preserva o idioma patxohã. Os turistas são convidados inclusive a aprender algumas palavras básicas, como “obrigado” e “bom dia”.
A visita começa ainda no estacionamento, quando os visitantes, sejam de grupos de excursão ou em carros privados, são recebidos por um Pataxó, que guia o grupo até o interior da aldeia numa curta caminhada. Não espere índios nus ou que nunca viram internet ou televisão na vida, a proposta aqui é outra, é valorizar a cultura desse povo.
O guia, membro da tribo, explica como eram os costumes há séculos e o que mudou na vida dessa comunidade nos dias de hoje, conhecer o Pajé, o chefe espiritual da tribo, responsável inclusive pela cura de doenças. Ali é possível conhecer ervas e plantas usadas como remédio,
O passeio inclui ainda pintura típica no rosto dos que desejarem e uma degustação de peixe feito na folha de patioba (uma espécie de folha de bananeira). Quem quiser, ainda pode comprar diversos artesanatos feitos na própria aldeia, além de ser possível algumas lições de arco e flecha.
Aldeia Pataxó Porto do Boi em Caraíva (@portodoboi)
A aldeia Pataxó Porto do Boi fica 6 km ao sul de Caraíva. Conhecida como “Centro Cultural de Tradições Indígenas” (Porto do Boi), se localiza subindo o Rio Caraiva.
Há 14 anos um grupo indígena decidiu abrir as portas da sua reserva para dividir sua cultura com pessoas que visitam o vilarejo de Caraíva. Vilarejo que, de acordo com o IPHAN, carrega marcas da primeira ocupação europeia no Brasil.
Dos aproximadamente 20 mil índios Pataxó que vivem na área do descobrimento até hoje, um grupo está lutando para reerguer o Centro Cultural Pataxó do Porto do Boi, criado por um grupo inspirador de índios que sonham em preservar toda sua sabedoria, e preciosa ligação com a Natureza que por muito anos recebeu pessoas de todo o Brasil e até turistas de outros países do mundo.
No Centro Cultural, os visitantes podem presenciar a vivência indígena, com a história do povo Pataxó, rituais, artesanato, comidas típicas, pintura corporal e muito mais. Neste lugar incrível você pode conhecer mais de perto toda essa cultura ancestral.
Aldeia Velha em Arraial d’Ajuda
A Aldeia Velha foi descoberta devido a um sambaqui (acúmulo de materiais orgânicos e calcário fossilizados pela ação do tempo) que teria sido encontrado no local. Os estudos levam a crer que alguns desses sambaquis tenham sido produzidos por povos muito antigos, que viveram na costa brasileira entre 8 mil e 2 mil anos atrás. Há indícios, inclusive, de que o local tenha sido a sede de uma importante aldeia indígena, por isso, a Aldeia Velha, comunidade fundada por indígenas locais, está instalada exatamente ali.
Sinta a emoção de conviver com os antigos habitantes destas terras, conheça seus costumes, suas crenças e lendas. Aproveite para levar para casa um pedacinho do espírito local na forma de artesanato.
Jogos Indígenas Pataxó
Os “Jogos Indígenas Pataxó” são um evento esportivo e cultural que acontece, anualmente, na comunidade de Coroa Vermelha, na semana que antecede o dia 19 de Abril. Diversas equipes participam de diferentes modalidades esportivas e culturais, tendo como principal lema celebrar e não competir. As equipes são formadas, em média, por 20 pessoas com idades que variam entre 12 – 70 anos, a maioria tendo, porém, entre 15 a 30 anos. As crianças participam de forma significativa nos jogos.
Sua primeira edição ocorreu em 2000, e teve como referência os “Jogos Indígenas Nacionais”, dos quais os Pataxó participam. Se nas primeiras edições as equipes eram formadas apenas por membros da comunidade de Coroa Vermelha, hoje, além de outras aldeias pataxós, há participantes de outras etnias estabelecidas na Bahia.
A comunidade aproveita um campo de futebol de areia, entre duas cruzes, e constrói pequenos kijeme [casa; choupana] ao redor, para agrupar as equipes participantes, bem como monta um pequeno palco, onde são dispostos os equipamentos de som. Também é construída, exclusivamente para os jogos, uma cozinha de palha, onde todas as equipes se reúnem para as refeições.
As modalidades esportivas compreendem corridas de tora e maracá, futebol, arco e flecha, e arremesso de tacape, dentre outros. No desfile da ĩhé baixú [a participante mais bonita], cada equipe apresenta a sua candidata acompanhada de um kakusú [homem; eventualmente marido], não havendo nenhuma restrição etária para a participação. O primeiro, segundo e terceiro lugares são escolhidos por um grupo de jurados.
Como visitar?
Nossa recepção está preparada para te dar todas as informações sobre esses e muitos outros passeios em Arraial d’Ajuda e região, inclusive agendar os passeios com agências regularizadas e preparadas para dar todo o suporte e a melhor experiência aos nosso hóspedes
Fontes consultadas:
http://www.conheca.portoseguro.ba.gov.br/experiencia
https://www.blogapaixonadosporviagens.com.br/2018/11/passeios-porto-seguro-reserva-indigena.html
www. blogapaixonadosporviagens.com.br/2018/11/passeios-porto-seguro-reserva-indigena. html